- 14 de setembro de 2021
Maior uso de antidepressivos na pandemia antecipa a catarata, diz pesquisa.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil é o país com maior número de casos de depressão na América Latina. O pior é que a pandemia agravou o sofrimento psíquico do brasileiro. Nos primeiros cinco meses do ano a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor aumentou 13% em relação ao mesmo período de 2020, conforme levantamento inédito do Conselho federal de Farmácias (CFF) a partir de dados da IQVIA, instituição americana de informações de saúde.
De acordo com o oftalmologista Dr. Leôncio Queiroz Neto, um dos efeitos colaterais do uso de antidepressivos é antecipar a catarata, maior causa de cegueira tratável no mundo provocada pela opacificação do cristalino, lente interna do olho. De fato, os prontuários de 1,1 pacientes do hospital diagnosticados com a doença desde o início da pandemia mostra que em 20% dos que estavam em tratamento de depressão, a progressão da catarata foi mais rápida que o esperado.
O oftalmologista explica que nem todo antidepressivo prejudica os olhos. Só os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs). Acontece porque o cristalino tem receptores de serotonina e o ISRS forma depósitos na lente do olho. Isso explica o resultado de uma pesquisa realizada com 200 mil moradores de Quebec com 65 anos ou mais pela Universidade de British Columbia, do Instituto de Pesquisa de Saúde Costeira de Vancouver e da Universidade McGill. Os pesquisadores descobriram que a chance de diagnosticar catarata em pacientes que tomam antidepressivo varia de 15% a 51% conforme o tipo de substância de cada ISRS.
Para seu estilo de vida
A boa notícia é que a cirurgia, único tratamento efetivo para catarata, reduz a depressão por permitir maior entrada de luz nos olhos e conta com uma variedade de lentes intraoculares que se adapta aos diferentes estilos de vida. Queiroz Neto afirma que para enxergar bem na maioria das atividades do dia a dia a melhor opção é a lente EDOF de foco estendido. Significa que proporciona boa visão a meia distância e longe. A visão de perto é menor e requer uso de óculos para ler textos menores. “Caso você passe a maior parte do tempo no computador e não gosta de usar óculos, o mais indicado é o implante da trifocal que divide a luz em três pontos focais – perto, meia distância e longe”, afirma o médico.
Integração de dados
Queiroz Neto afirma que outro avanço na cirurgia de catarata é um sistema que transfere digitalmente ao microscópio do centro cirúrgico todas as informações coletadas nos exames que precedem a cirurgia: medidas da curvatura, espessura e superfície da córnea, tamanho da pupila, uma imagem do globo ocular com características da íris (parte colorida do olho) e vasos sanguíneos, além das aberrações ópticas, pequenas imperfeições que podem interferir na visão. “Um dia após a operação, a visão está completamente nítida e inclusive pacientes com astigmatismo importante conseguem ler as minúsculas letras de bulas sem óculos “, conta.
Quando operar
O especialista conta que a maioria das pessoas têm dúvida sobre quando devem operar porque geralmente o diagnóstico da catarata acontece em um exame de rotina e inicialmente não atrapalha das atividades. Os principais sinais de que chegou a hora de operar são: trocas sucessivas de óculos, perda importante da visão de contraste e dificuldade para dirigir à noite. “Além da visão, a cirurgia restitui o sono e melhora seu equilíbrio psíquico para enfrentar a pandemia”, conclui Queiroz Neto.
Fonte: Assessoria de comunicação do Instituto Penido Burnier